Um estudo inédito com dados de 29 países, inclusive o Brasil, aponta
que o investimento na proteção de rios, riachos, bacias hidrográficas e
demais recursos hídricos chegou a US$ 8,17 bilhões (cerca de R$ 16,5
bilhões) em todo o mundo em 2011.
No total, 205 projetos públicos e privados de proteção aos recursos
hídricos pelo mundo foram identificados pela ONG americana Forest
Trends, sendo 28 deles na América Latina. Desses, o Brasil responde por
quatro. Outros nove programas brasileiros foram citados pela Forest
Trends, totalizando 13 no país, mas a ONG não obteve dados sobre eles em
seu levantamento, então os deixou de fora da lista de projetos ativos.
O relatório, publicado pela organização na quinta-feira (17), aponta
iniciativas brasileiras consideradas positivas, como as políticas do
projeto “Produtores de Água”, realizado pela Agência Nacional de Águas
(ANA).
A ANA criou um modelo de compensações e de ajuda financeira para
pequenos produtores rurais que trabalham com proteção a matas ciliares e
vegetação nativa, de maneira que esta preservação também ajude a manter
os recursos hídricos da região. O modelo se espalhou para estados como
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e outros.
Outro destaque do estudo é o Projeto Oásis, que mobiliza produtores
rurais para proteger áreas nos arredores de bacias hidrográficas no
estado paulista. Mais de US$ 120 mil (R$ 245 mil, aproximadamente)
foram pagos a agricultores que preservam a mata em suas propriedades
rurais ou no entorno delas em 2011, segundo o relatório.
Desafios – Apesar dos dados positivos, o presidente
da Forest Trends, Michael Jenkins, apontou em entrevista ao G1 que o
país tem pela frente grandes desafios na proteção dos recursos hídricos,
tanto na preservação quanto na despoluição e recuperação de áreas
degradadas.
É possível investir mais e otimizar os projetos, aproveitando
principalmente a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas
de 2016, diz Jenkins. “A Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é por
exemplo um local bem poluído, é uma área que precisa ser limpa. Então
existe uma oportunidade real de fazer as coisas funcionarem”, afirma.
“Hoje há muito interesse no Brasil na questão da preservação ambiental”, pondera o dirigente da organização.
Crescimento – Os investimentos globais na proteção
das bacias hidrográficas e recursos hídricos passaram de US$ 6,10
bilhões (cerca de R$ 12,4 bilhões) em 2008 para US$ 8,17 bilhões (cerca
de R$ 16,5 bilhões) em 2011, um crescimento de 32% no período, segundo o
relatório.
Além disso, o número de programas de proteção aos rios, riachos,
córregos e nascentes dobrou no mesmo intervalo de tempo – passou de 103
projetos, em 2008, para 205 em 2011.
A estimativa tanto dos recursos aplicados quanto no número de
programas para proteção às bacias hidrográficas é conservadora, diz
Jenkins. Ele pondera que só foram considerados os projetos que
responderam às perguntas feitas pela ONG durante o levantamento. “É
provável que o número de investimentos chegue a ser até o dobro disso”,
ressaltou.
‘Infraestrutura natural’ – Para o presidente da ONG,
o resultado do estudo é positivo e mostra uma preocupação crescente com
a “infraestrutura natural” dos países, como ele chama florestas,
pântanos, matas ciliares e demais trechos de biomas integrados com as
bacias hidrográficas, que ajudam em sua preservação.
“Mesmo com isso, estamos no meio de uma enorme crise com relação à
água em várias partes do mundo. A população está crescendo, há mudanças
climáticas, secas constantes em alguns países, tempestades em outros”,
disse Jenkins. “O que nós queremos incentivar é a preservação das
estruturas naturais que ajudam a manter a água limpa.” (Fonte: Globo
Natureza)